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A palavra Morfologia é originalmente um ramo da biologia, que estuda as formas e estruturas dos animais e plantas. Utilizamos esta palavra no contexto de Morfologia Matemática, como um instrumento para extração de componentes da imagem, que sejam úteis para representação e descrição da forma de uma região, como fronteiras, esqueletos, realce, filtragem, segmentação ou esqueletização [GW].

A morfologia também pode ser utilizada para extração de componentes conexos, busca de padrões específicos na imagem, delimitação de fecho convexo, extração de bordas entre outros [PS].

Neste post é apresentado um resumo sobre morfologia matemática, sem detalhar suas fórmulas matemáticas.

Imagem Digital e Binária

Uma imagem digital é formada por uma quantidade finita de amostras de uma cena, capturada pela lente de uma câmera, também pode ser chamada de imagem discreta e é representada como subconjunto do plano cartesiano Z2, onde Z representa o conjunto dos números inteiros. Cada amostra da imagem, conhecida como pixel, está localizada em uma coordenada (x, y) da imagem, associada alguma informação sobre a cor [VL].

Uma imagem binária é composta por dois tipos de pixels, os do plano de fundo e o plano principal, que são representados normalmente usando preto e branco, ou 0 e 1, respectivamente [VL]. Normalmente representam a área de interesse durante o processamento morfológico.

Neste artigo é apresentada a morfologia matemática binária (em imagens binárias).

Elemento Estruturante

Um conceito importante na morfologia matemática é a definição de elemento estruturante, também chamado de núcleo. O elemento estruturante é um vetor bidimensional pré-definido, representado por zeros (0) e uns (1), com uma coordenada indicando o centro da operação e pode assumir diversas formas e aspectos, dependendo do tipo de efeito desejado a ser aplicado na imagem.

A seguir, são demonstrados 3 diferentes vetores de elementos estruturantes e suas imagens representativas, com o centro de operação destacado em vermelho.

[1, 1, 1,
1, 1, 1,
1, 1, 1]

Fig  1 – Elemento Estruturante Quadrado.

[0, 1, 0,
1, 1, 1,
0, 1, 0]

Fig 2 – Elemento Estruturante Cruz.

[1,
1,
1]

Fig 3 -Elemento Estruturante Linha.

A ideia básica da morfologia binária é sondar uma imagem com o elemento estruturante pré-definido, analisando como essa forma se encaixa ou não nas formas da imagem.

Erosão e Dilatação

A erosão e a dilatação são dois operadores fundamentais em Morfologia Matemática, muitos operadores morfológicos mais sofisticados se baseiam nestas duas operações.

Erosão

Símbolo / Representação :

Definição: A B = { z | (B)z ∩ Ac = ∅ }

A erosão consiste em testar se o elemento estruturante se encaixa na imagem de origem, gerando uma nova imagem de destino, onde cada teste realizado com sucesso, é identificado na imagem de destino com o valor 1 e identificado com o valor 0 caso a estrutura não tenha sido localizada. Os valores 0 e 1 podem ser substituídos por outros valores, caso necessário.

O efeito prático do processo morfológico chamado erosão, consiste na modificação das feições da imagem, diminuindo-as em seu entorno, literalmente “erodindo-as” [MM].

Observe na ilustração a seguir, o passo a passo da erosão da imagem, de tamanho 11×11, pelo elemento estruturante, de tamanho 3×3. O processo inicia pelo teste do elemento estruturante na parte superior esquerda da imagem, onde é verificado se cada elemento do núcleo é encontrado da imagem. Para isso, é verificado se cada um dos elementos [1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9] do núcleo estão contidos nos elementos de coordenada [(1,1), (1,2), (1,3), (2,1), (2,2), (2,3), (3,1), (3,2), (3,3)] da imagem, e registrado o valor 1 (branco) na imagem de destino caso todos os elementos sejam encontrados, como o teste não passou, na imagem de destino é registrado o valor 0 (preto). Então, é deslocado a verificação do núcleo para os próximos elementos da imagem, até que todos sejam testados.

Fig 4 – Elemento Estruturante
(Núcleo)
Fig 5 – Ilustração de Erosão.

A seguir, na ilustração da Fig. 6, é exibido um exemplo de erosão morfológica de uma imagem de placa de circuitos. Neste exemplo vamos tentar remover todos os circuitos e manter apenas suas extremidades. O primeiro processo realizado, consiste em carregar a imagem, convertê-la em tons de cinza e realizar a limiarização, para termos uma imagem em preto e branco (zeros e uns). Com a imagem limiarizada foi realizada a sua Erosão, com uma matriz 3×3 de valores 1.

Fig 6 – Efeito de Erosão Morfológica em placa de circuitos.

Podemos observar pela imagem, que este simples processo eliminou todos os traços/linhas da imagem de entrada, mantendo apenas as estruturas maiores. O resultado não foi uma extração ideal de estrutura, porém, com uma única aplicação de operação morfológica foi possível remover muitas informações indesejadas. O exemplo acima foi realizado utilizando a ferramenta online OpenCV-Flow.

Dilatação

Símbolo / Representação:

Definição: A B = { z | (^B)z ∩ A ≠ ∅ }

A dilatação, de certa forma, é o contraponto da erosão. Ela consiste em testar cada elemento da imagem de origem e verificar se possui valor 1, caso exista na imagem de destino, então é adicionado os valores do elemento estruturante a partir da posição central do elemento estruturante.

O efeito prático do processo morfológico chamado Dilatação consiste na modificação das feições da imagem, aumentando-as em seu entorno [MM].

Observe na ilustração a seguir, o resultado da aplicação do elemento estruturante (núcleo) na imagem. O núcleo de forma quadrada, com tamanho 3×3, possui os valores [1,1,1,1,1,1,1,1,1] e centro de coordenada (2,2). Note que ao aplicar o núcleo na coordenada (3,3) da imagem de entrada, resultou na imagem de saída a expansão daquele ponto, ao aplicar/copiar o elemento estruturante na imagem de saída. Todo o processo é repetido para cada elemento da imagem.

Fig 7 – Elemento Estruturante
(Núcleo)
Fig 8 – Ilustração de Dilatação.

Abertura e Fechamento

Duas outras operações morfológicas importantes são a abertura e fechamento.

Abertura

Símbolo / Representação:

Definição: A ◦ B = (A B) B

A abertura de uma imagem A por um elemento estruturante B é simplesmente a operação de erosão de A por B, seguida da dilatação de A por B [PS].

Ao realizar a erosão seguida da dilatação, o efeito produzido na imagem é de abertura de pontos/ligações e remoção de ruídos. Observe na ilustração da Fig. 9, que após realizar a operação de erosão na imagem, a conexão que existia entre os retângulos foi perdida e também foram reduzidos seu tamanhos. Porém, ao aplicar a dilatação esses retângulos voltaram a ter sua forma inicial.

Fig 9 – Efeito da abertura morfológica.

Fechamento

Símbolo / Representação:

Definição: A • B = (A B) B

O fechamento de uma imagem A por um elemento estruturante B é simplesmente a operação de dilatação de A por B, seguida da erosão de A por B [PS] .

Ao realizar a dilatação seguida da erosão, o efeito produzido na imagem são o fechamento de pequenos buracos e criação de conexões. Observe na ilustração da Fig. 10, que após realizar a dilatação, com a espação dos elementos, os buracos iniciais foram fechados, e com a realização da erosão o componente voltou a ter o aspecto da sua estrutura inicial, com os pequenos buracos fechados. Porém, como consequência desta técnica os componentes que estavam próximos se conectaram.

Fig 10 – Efeito do fechamento morfológica.

Filtragem morfológica

As operações morfológicas podem ser utilizadas como filtros de imagem, como filtros espaciais apresentados no artigo Domínios de Valor, Espaço e Frequência.

A ilustração da Fig. 11 mostra uma imagem de impressão digital corrompida por ruído, no topo a esquerda, sendo que o ruído se manifesta como elementos aleatórios claros sobre o fundo escuro e como elementos escuros sobre componentes claros na digital. O objetivo é eliminar todos os ruídos sem danificar a estrutura da digital [GW].

A seguir, na ilustração da Fig. 11, um exemplo de filtragem utilizando abertura seguida do fechamento morfológico, utilizando um elemento estruturante em forma de cruz.

Fig 11 – Filtragem de ruídos em impressão digital.

O resultado final, após o fechamento, esta quase sem ruídos, mas com algumas das cristas de impressão não totalmente reparadas e também apresenta algumas quebras, além de que algumas cristas foram conectadas e não deveriam. Isto não é inesperado utilizando esta técnica e para resolver esta situação seria necessário aplicar outras técnicas de processamento de imagens, que talvez resolveriam o problema, como realizar afinamento ou esqueletização.

Estes conceitos apresentados neste artigo são a base da morfologia matemática. Ela possui muitas outras técnicas, como extração de fronteiras, transformada acerto-ou-erro, afinamento, esqueletização, poda e extração de componentes conexos.

Referências:

[GW] GONZALEZ, R. C., WOODS, R. E. Processamento de Imagens Digitais. Editora Edgard Blucher, ISBN 978-85-8143-586-2, 3 ed., São Paulo, 2010

[PS] Pedrini, H.; Schwartz, W. R.; Análise de Imagens Digitais: Princípios, Algoritmos e Aplicações. Thomson Learning, 2007

[VL] Visual-Lab – Instituto de computação. Morfologia Matemática em Análise de Imagens. Acessado em 30/01/2023.

[MM] Matosak, B. M.; Medeiros, N. G; IMGedu – Capítulo 3 Morfologia Matemática. Acessado em 30/01/2023.

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